
Trechos de entrevista de Terry Eagleton, professor da universidade de Manchester, Reino Unido, em 2006:
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"Não se trata de oferecer a Osama Bin Laden um lugar no Parlamento, mas o de garantir justiça àqueles que podem, em caso contrário, exercer uma vingança terrível. Justiça é o único profilático para o terror."
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“É importante distinguir entre relativismo liberal e uma interpretação dialética do mundo. O primeiro entende que tudo é aberto a interpretação - o que não contribui para a resolução do problema. O que proponho no meu livro é um entendimento dialético. Tento explorar as contradições do Ocidente no modo como ele interpreta a crise atual. De fato, fundamentalismo, seja à moda texana ou ao Taleban, não difere muito em essência, no sentido de que ambos negam a existência do outro e tentam impor sua forma totalitária de ver.
É importante compreender que os dois mundos vivenciaim crises ideológicas internas: o mundo islâmico, entre uns poucos extremistas e moderados de várias facções; e, no Oci-dente (mais precisamente nos EUA), existe urna crise crescente entre o velho pragmatismo liberal e o fundamentalismo americano. O Ocidente, de maneira geral, está sendo flagrado em suas próprias contradições entre sua ideologia liberal e as pressões externas para o uso exacerbado da força.
É interessante notar a dinâmica entre os EUA e os terroristas islâmicos e como um empurra o outro para os extremos. Por exemplo, o terrorismo força os EUA a adotar medidas enérgicas para assegurar seu poder global e segurança nacional.
Assim, liberdades civis são sacrificadas e cidades inteiras bombardeadas. Os EUA vêm emergindo cada vez mais como um Estado terrorista contra seus próprios cidadãos e no exterior. Esse é um jogo extremamente perigoso. Em nome da segurança e movido pelo medo, o Ocidente está se deixando transformar pelo terrorismo global. ”
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“Não há nada errado com uma visão pessimista do mundo. Mas vou aqui corrigi-la. Não me acho pessimista, mas um realista. Na verdade, acho difícil entender por que as pessoas se perturbam tanto com essa visão. Os norte-americanos são um exemplo típico. Eles vivem nesse otimismo ilusório, recusam-se a perguntar, a usar a expressão "what if?" [e se]. Essa mentalidade é um subproduto da ideologia triunfalista dos EUA, do "american dream" onde tudo é possível e permitido. Os Estados Unidos deveriam acordar para a possibilidade trágica dos eventos; assim teriam melhor chance de lidar como problema que os aflige.”
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