12.11.10

Mackie Messer do dia

Desta feita Nostrademos vos traz a versão bailenaselvabilly dos King Kurt para os imortais versos e melodias da dupla Bertold e Kurt.
é aqui que baixa:
King Kurt´s "Mack The Knife" (12'' remixed Version)

5.11.10

"Pereiozinho paz-e-amor"

(texto original de março 2004, por Cecília Giannetti)

Poderíamos começar com um parágrafo linear sobre onde ele nasceu (Alegrete, Rio Grande do Sul), a data (19/10/1940), alguma curiosidade sobre sua infância (aos oito anos, ganhou um prêmio na rádio local cantando um tango), a extensa filmografia (participou de mais de 60 produções, entre longas e curtas-metragens), nem tantas peças teatrais assim (deixou alguns elencos por ‘problemas disciplinares’) e anunciar que, a partir de maio, ele terá um programa no Canal Brasil, que provavelmente se chamará ‘Peréio Sem Frescura’, paródia do ‘Sem Censura’ da TVE. 
Mas a entrada do ator em cena exige outros artifícios, uma luz menos óbvia para revelar seu estilo dentro e fora do palco. Melhor deixar que Paulo César Peréio, de 64 anos, improvise: ‘Tenho uma característica diabólica. Quando estou afirmando alguma coisa e começo a acreditar no que digo, eu fico torcendo para ser convencido do contrário e passo a fornecer argumentos pra qualquer pessoa que esteja escutando a conversa fazer com que eu mude de direção. Freqüentemente, eu afirmo uma coisa de maneira contraditória. Eu posso dizer: ‘Eu minto sempre e, portanto, isso que estou dizendo agora também é uma mentira’. Eu sou supermodesto. Eu sou a pessoa mais humilde do mundo!’
A estréia do ator se deu no teatro, aos 16 anos. Seis anos depois, em 1962, deixou Porto Alegre para estrear Édipo Rei nos palcos do Rio de Janeiro em ‘Édipo Rei’. Mas foi no cinema que se tornou mais conhecido, dirigido em seu primeiro filme por Ruy Guerra (‘Os Fuzis’). Trabalhou em seguida com Glauber Rocha (‘Terra em Transe’) e Arnaldo Jabor (‘Eu te amo’), entre outros.
Na década de 70, patenteou tipos que se equilibravam entre o malandro sedutor e o herói cafajeste, mas a interpretação sempre ficou além das fórmulas: Hugo Carvana, que dirigiu Peréio em ‘Vai trabalhar, vagabundo’, de 1973, e ‘Bar esperança’, de 1983, lembra que, fora do set de filmagem, o ator radicalizava mais na boemia que personagens como o bêbado Cabelinho. ‘Ele sempre te leva ao paroxismo, ele te suga. Eu agora sou um velho, sou valsa. E o Peréio é hip hop, é pauleira. Sair pra beber com ele é uma montanha russa: você sai no verão e volta no inverno. Mas ator igual a ele não tem outro.’
Seu talento já foi tema de um ‘Retrato Brasileiro’, série produzida pelo Canal Brasil sobre nomes do cinema nacional. Agora, Peréio é tema de um longa-metragem que acompanha cenas do seu dia-a-dia e reúne cenas de arquivo e depoimentos sobre a carreira: após três anos de trabalho, a produtora Toscographics tem cerca de 10 horas de filme sobre a rotina do ator e entrevistas para o documentário ‘Peréio, eu te odeio’. A idéia é captar tudo que biografias mais convencionais não mostrariam. A idéia, em parte, é dele: ‘Fiquei muito feliz com a homenagem do Canal Brasil, me chamaram para narrar profissionalmente, por dinheiro, na terceira pessoa. Mas era meio babação-de-ovo e aí, conversando com o Allan (Sieber, da Toscographics, que também vai criar a abertura do programa de Peréio no Canal Brasil), eu disse que eu queria aparecer de outra forma, com as pessoas falando mal de mim em vez de eu falando bem de mim mesmo.’
Peréio diz não se incomodar com os ‘detratores’. Chegou a convidar para um depoimento no vídeo a atriz Marisa Orth, que o teria chamado de ‘dependente químico’ no programa ‘Saia Justa’. A atriz não atendeu ao pedido. ‘Convidei-a para deixar bem claro que eu sou invulnerável a este tipo de comentário. A Rita Lee me elogiou no programa e a ‘Magda’ caiu de porrada em cima. Eu não me importei, estou falando de maneira passional sobre isso, agora, porque eu sou assim, eu falo assim. Mas não me importo com esse ódio.’
O fato de o documentário estar aberto também a depoimentos negativos parece afastar possíveis investidores. ‘A Comissão Carioca de Promoção Cultural (CCPC) negou recursos para a realização do filme dizendo que o roteiro não estava à altura da importância de Paulo César Peréio. E eu que inventei essa história! O filme está à minha altura e à minha baixura também’, critica Peréio.
Por e-mail, do escritório da Toscographics, a produtora Denise Garcia lamenta que a produção esteja parada por falta de recursos e conta a reação do ator diante das recusas: ‘Ele me disse: ‘Não se preocupe; quando eu morrer, eles liberam a verba pro filme.’ É triste ouvir isso.’ Segundo Denise, para concluir o documentário, é preciso ir a Porto Alegre (onde estão sua mãe, a irmã e os sobrinhos) e comprar imagens de arquivo da carreira do ator. O ator não tem dúvidas quanto à qualidade do material filmado: ‘Eu sou um cara interessante. Minha vida segura a barra de 50 minutos de filme, na TV ou no cinema, mas não quero que seja eu dizendo isso, como eu fiz antes. A narrativa eu deixo pra Cissa, pro Carvana... Eu quis fazer um documentário para me esculhambar, mas é evidente que a minha intenção final é que reverta tudo a meu favor’, ri.
E o acento?
A julgar pelo depoimento de Cissa Guimarães, 46, que teve dois filhos com Paulo César num casamento de 10 anos, tudo, de fato, acaba bem com ele - ou, pelo menos, para ele. Em ‘Pereio, eu te odeio’, ela se diverte contando casos do convívio do casal, que repete para a reportagem: ‘O Peréio decidiu esticar uma noitada, eu quis ir pra casa. Ele levou meu carro para uma boca-de-fumo em cima do Rebouças e ficou lá tomando cerveja. O freio estava solto e o carro despencou, outros bateram em cima, as luzes dos túneis apagaram, o trânsito ficou completamente paralisado. Ele estava sem os documentos e foi levado para a delegacia. No dia seguinte, voltou para casa e tudo que ele disse, pegando o jornal na mesa para ler a chamada de capa sobre o acidente, foi: ‘esses jornalistas entendem tudo errado mesmo. Não é Carro despenca na boca do túnel, a manchete tinha que ser ‘Carro despenca da boca no túnel’ 
Diante das câmeras, outras histórias vêm à tona, como as serenatas em que Peréio procurava reconquistar Cissa cantando Nelson Gonçalves. Ou quando ele, cansado de esmurrar a porta do quarto onde Cissa se trancara depois de uma briga, decidiu caminhar pelo parapeito do prédio, arriscando-se a quatro andares do chão para pular dentro do cômodo com a cinematográfica frase na ponta da íngua: ‘agora a gente vai conversar’. Menos romântico é o relato da turnê da peça ‘O Analista de Bagé’, em que o casal contracenava. Numa cidadezinha, Peréio recebeu um agrado de um membro da entourage: um espelho em que se lia seu nome escrito com carreiras de pó. O ator analisou o presente e deu a entender que era pouco: ‘Está faltando o acento no e’. 

Cissa lembra que, na época, nem tudo parecia tão engraçado. O convívio era difícil e, por conta disso, em certas fases do casamento, o quartinho onde ficavam vassouras e bicicletas na garagem de seu prédio, na Gávea, ficou conhecido pelos demais moradores como cantinho do Peréio. Por ordem de Cissa, era onde ele dormia quando se excedia nas farras. A prisão do ator por não pagar pensão aos filhos Tomás e João Velho está entre os assuntos que ela prefere deixar de lado. Escaldada com a repercussão que a briga judicial teve na mídia até o início dos anos 90, é a primeira a defender o ex-marido: ‘Não faça matéria tipo falando dessa história de eu ter botado o Peréio na cadeia por causa de pensão, isso já encheu o saco. A gente lutou muito para ter a situação que tem hoje, a gente é bróder. Não guardo nenhum tipo de mágoa dele. Peréio parece concordar: ‘Ela chegou a me botar na cadeia... mas isso é normaaaaal. Num relacionamento, é normaaaaal. E ela estava com a razão. Não é que nosso casamento não tenha dado certo. Nossa separação é que não dava certo. Passamos cinco anos tentando nos separar.’ 
Ele tinha 36 anos e Cissa tinha 17 quando se conheceram num barzinho. Mais de uma década depois da separação, ainda é comum a troca de telefonemas entre os dois e até um ‘você sabe que eu te amo’ de vez em quando. Ele procura manter proximidade também com a primeira mulher, a atriz Neila Tavares, que mantém a admiração por seu trabalho: ‘A primeira vez que o vi no palco, ele estava fazendo o bêbado de ‘Roda Viva’. Era apaixonante. Quando Peréio decide representar, tanto na vida quanto no palco, ele sabe até o que acontece atrás dele, na platéia, nos cantos. Ele aproveita tanto a parte do rosto que fica na sombra quanto a que fica na luz’.
João Velho, de 20 anos, interpreta o jogo de claro e escuro do pai além do palco: ‘Ele tem um senso de escrotidão apuradíssimo. Ele não é escroto, mas ele gosta de bancar o escroto e sabe fazer isso. Por outro lado, tem um coração maravilhoso, conhece profundamente os filhos e é um dos meus melhores amigos. Ele só não tolera nenhum tipo de pieguice. Se ele detecta qualquer sinal disso em alguém, descarta o papo’, revela o filho, que também é ator.

Higiene existencial
Neila define a escrotidão de que fala o filho: ‘Sabe aquela clássica dele numa edição do Festival de Brasília? Em vez de ir para a festa da premiação, ele ficou sentado na janela do hotel provocando as pessoas que passavam embaixo: ‘Ei, seu puto, vem aqui me bater se você é macho!’ e por aí vai... Ele gosta de ser implicante’, diz Neila, para quem a filha Lara, primogênita de Peréio, com o mesmo humor inconstante dele, é uma espécie de ‘Peréia’.
Para João Velho, a inconstância é justamente a característica que leva o pai a extrapolar os limites: ‘Ele não era um viciado. Sentia angústia e queria sair dele mesmo e aí ninguém podia segurar. Ele tinha essa coisa de autodestruição, mas sempre se arrependia depois. Muito garotão já teria morrido se fizesse metade do que ele fez. Teve inúmeros acidentes de carro, mas ele sempre se safou, nunca machucou ninguém. Tem um mecânico na Rocinha, o Jacaré, que deve saber a conta de quantos carros meu pai destruiu. Hoje, parou com drogas, toma só um vinhozinho. No réveillon, bebeu um pouco e eu disse: ‘Você sabe que, se não parar agora, vai virar monstro, né, pai?’ E ele concordou: ‘É, vou virar monstro...’ Ele conhece o limite dele.’
Na fase em que o monstro ameaçou tomar de vez o lugar do ator, a solução foi um retiro: primeiro em Brasília, onde viveu alguns meses na casa do irmão, Pingo, que também é ator. Uma cena do documentário de Allan Sieber mostra Pingo e Peréio num quarto de hotel no Distrito Federal. Deitado de barriga para cima na cama, com a voz embargada, Pingo dirige-se à câmera: ‘Ele só fodeu comigo. Ele beijou a minha mulher na minha frente. Ele jogou meu filho num rio’. Enquanto Pingo recita o que pode ser uma pilhéria de improviso ou uma confissão alcoolizada, Peréio o observa, quase co-diretor do documentário.
Depois de Brasília, a parada seguinte foi Goiás, onde ficou entre 1998 e 2001 numa casa alugada, de três quartos: ‘É um lugar adequado à introspecção, para refazer uma série de disciplinas, tomar menos droga, enfim... pensar um pouco na vida, não ver muita televisão, ler bastante, tomar banho de rio. De vez em quando, é preciso essa higiene existencial’. 

Idas e vindas
Atualmente, Peréio está montando apartamento no bairro da Bela Vista, em São Paulo, próximo ao Teatro Oficina do amigo e diretor teatral Zé Celso Martinez. No ano que vem, pode mudar-se outra vez (ou não): ‘Periodicamente, mudo do Rio para São Paulo e vice-versa. Eu sou irrequieto. Posso morar um pouco em Porto Alegre, em Pernambuco. Conforme pedem meus trabalhos de locução - faço muita publicidade - e filmagens, passo um tempo numa cidade e noutra’, explica o ator, que tem ainda um filho de 8 anos, Gabriel, morando com a mãe na Bahia.
Em 2001, quando voltou de Goiás para a TV, como o Armando da minissérie ‘Presença de Anita’, acabou enfrentando contratempos no teatro. Acusado de assediar uma das atrizes, chegou a ser expulso do elenco de ‘Hamlet’ na montagem protagonizada e dirigida por Diogo Vilela. Ele nega ter se comportado mal na ocasião. Diz que está mudado e que o isolamento só lhe trouxe benefícios: ‘Estou sereno, estou mais velho. Voltei mais paz-e-amor, mas continuo com a mesma turbulência interna, isso não me abandona. É uma característica essencial, mas eu fiquei mais cordial e a relação com os diretores está bem mais fácil’.
Paulo José, de 66 anos, acredita que o amigo já tenha se livrado da pecha de irresponsável. A tão falada rebeldia de Paulo César Peréio, que tantas vezes deixou de cabelos em pé diretores e colegas de trabalho, bebia noutra fonte que nada tinha a ver com álcool e tóxicos: ‘Quando ele se atrasava ou criava confusão, era simplesmente porque não conseguia engolir um trabalho de que não gostava. Só faz o que ele quer. Podia ter tido uma carreira muito mais brilhante se tivesse sido mais bem-comportado. Mas ele tem nojo da mediocridade e é muito verdadeiro: se não gosta de uma pessoa ou de alguma coisa, ele diz na cara. Com isso, criou algumas inimizades, mas também ganhou bons amigos’.
Paulo José está entre as amizades de longuíssima data - integrou com Peréio o projeto do Teatro Equipe, sob a direção de Mário de Almeida, entre 1962 e 1964, em Porto Alegre. Comparando o novo e o velho Peréio, Paulo José encontra pontos em comum entre a ‘versão hardcore’ da juventude e o ‘Peréio paz-e-amor’ de hoje: ‘Ele tem esse exterior forte que pode parecer agressivo, mas a personalidade é delicada, com percepção aguda das pessoas, do mundo’, derrete-se o amigo. E festeja: ‘É maravilhoso ver que ele agora está se cuidando’.
Peréio está careta. Mas não encara como problema as antigas compulsões: ‘As drogas, para minha geração, fazem parte da cultura do século XX. A partir da metade do século passado, as drogas passaram a ter um significado eminentemente cultural. Walter Benjamin, Thimothy Leary, os beatniks e muitos outros usaram drogas dentro de um procedimento cultural. Tive um período de certo exagero em todos os sentidos. Eu usei bastante, mas hoje tenho conhecimento dos males do exagero. Se você beber água demais, você também se afoga’.

Improvisos e imprevistos
Agora, o negócio é botar a cabeça para fora d’água: novos trabalhos começam a aparecer e Peréio, condizente com o depoimento do amigo Paulo José, topa aqueles de que gosta. Mesmo os que ainda não dispõem de verba alguma para sair da ‘fita-demo’, caso do projeto, ainda sem título, que define como ‘um road-picture sobre um seqüestro em São Paulo’, em fase de captação de recursos. Considera o atual momento do cinema nacional bastante fecundo e comemora o fato de o público ter abandonado a ‘burrice’ de se recusar a assistir aos filmes nacionais.
Pelo ainda inédito ‘Harmada’, de Maurice Capovilla e baseado no romance de João Gilberto Noll, Peréio levou o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2003. No filme, contracena com o filho João, que interpreta um repórter numa das cenas finais e, em sua estréia recente na TV como o rebelde Catraca da novelinha ‘Malhação’, acabou levando para as gravações alguns hábitos de cena do pai, como procurar brechas para inserir cacos e improvisação. Lara Velho aponta as semelhanças entre o pai e o meio-irmão: ‘De todos os filhos, é o mais parecido fisicamente com ele. Como ator, não chega a copiar meu pai, mas tem um jeito de atuar que acho semelhante, não demonstra receio, constrangimento’.
Com o objetivo de publicar uma biografia completa sobre o pai, Lara tem organizado um arquivo com filmes, fotografias, documentos e textos de jornais e revistas, além de algumas entrevistas que grava com ele. É ela quem guarda também os prêmios abandonados pelo pai em hotéis e casas de amigos. ‘Ele não dá valor a prêmios. No Curta Santos, em 2003, foi homenageado com um troféu de metal que achou feio e queria deixar lá. Eu peguei. O ‘Estadão’ deu um prêmio a ele no ano retrasado; ele achou feio também, largou e eu catei’, conta a filha.
Além de cuidar para que as homenagens ao pai não desapareçam, Lara dá força para que ele volte à TV com a corda toda. O ‘Peréio Sem Censura’ é uma co-produção da sua Macaya Produções com a Globosat/Canal Brasil. Lara será produtora executiva e diretora do programa, e sua mãe, Neila Tavares, escreverá roteiro e argumento.

Enquanto as filmagens não começam, Peréio fica entre Rio e São Paulo, sempre na companhia de um dos filhos. Bebendo um chope no Baixo Gávea com o mais velho, Tomás, de 25 anos, às vezes tem a conversa interrompida por um braço que se estende sobre a mureta do bar para cumprimentá-lo. É gente de idades variadas, da TV, como Felipe Camargo, ou conhecidos com quem Peréio não cruza há tempos. Para Tomás, o forte do ‘véio’ são as amizades: ‘Ele não é muito pai do jeito como as pessoas costumam definir um pai. É mais um amigo dos filhos do que qualquer coisa. Nunca foi aquele tipo que tenta iludir a criança e faz coisas escondido. Sempre me levou a todo lugar que ele ia: festas, casa das pessoas, bares...’
Com o burburinho do boteco ao fundo e um inocente chopinho à frente, que não chega a terminar, Paulo César Peréio puxa um esboço de autobiografia com voz firme de filme clássico nacional: ‘Gosto de viver, gosto do que me acontece na vida. E estou sempre mais ou menos preparado para um improviso. Para um imprevisto. Eu não tenho mais muita coisa a provar. Eu pretendo ser um bom sujeito, cada vez mais, e realizar o meu trabalho’.